quarta-feira, 30 de abril de 2008

Curto e grosso...

[Sem o perdão do trocadilho.]

Pois é. Em cartaz, mais um produto da indústria cultural para abrandar os mais profusos desejos das massas. No caso, estamos falando dos homens de pau pequeno. É a versão para cinema de Iron Man - O Homem de Ferro. Sem qualquer propriedade para entrar no mérito da adaptação, que, pelo que ouvi dizerem, ficou muito boa, me concentro na questão fábrica-de-sonhos, cuja função nossos produtos de ficção tendem a assumir para si.

Não é de agora que o homem projeta em suas fábulas, contos e histórias aquilo que gostaria de ter ele próprio. Junto aos míticos e heróicos personagens com os quais nos identificamos, sofremos diante de cada perda, torcemos pelo final feliz, esperamos pelo amor que não vem, nos agoniamos com o pesar que não acaba. Não é raro o autor de livros ou o ator de um filme dizer que sua profissão lhe permite exercer tantas outras. Até mesmo um reles leitor ou espectador é capaz de viver uma outra vida quando aprecia uma obra. A capacidade de projeção do ser humano é, talvez, a característica que mais nos diferencie enquanto espécie de todas as outras. Exclusividade nossa, nos é inerente e a fazemos o tempo todo. Até quando a bunda da vizinha parece mais gostosa que a nossa. "Ah, se a minha bunda fosse como essa, quanto mais ela não veria...!"

Fato é que no cinema essa projeção ganha dimensões de sonho: a gente enxerga, a gente ouve, a gente recebe a informação no ritmo (supostamente) ideal para que a experiência fílmica seja desfrutada ao máximo. Nosso grau de projeção se potencializa de tal maneira que um filme bem feito nos faz rir até cair ou chorar até a última gota. Se a gente parar pra assistir a um bom filme com muito carinho, a gente realmente aproveita a chance de viver um pedaço de uma nova vida. A gente se entrega, a gente incorpora, a gente vive aquilo. E é tudo dado tão mastigadinho... Tá tudo lá, pronto pra consumo! Ah, a fantástica indústria cultural!

Aí vêm os filmes para todos os tipos de necessidade, claro! Porque neste mundo, meu bem, há louco pra tudo! Quer se sentir como alguém que consegue se transformar da mais feia à mais bela em 5 dias? Tá cheio de teenage movie com esse plot. Quer desafiar a sua lógica para desvendar os mais intrigantes crimes? Veja um bom filme detetive-policial. Você foi frustrado tentando ser o melhor jogador do mundo e hoje sofre, resignado, como um simples torcedor? Tem zilhões de filmes dos piores times do mundo - que se tornam os melhores, obviamente. Imortalidade? Entrevista com o Vampiro. Simplicidade e prazer nas pequenas coisas da vida? Amélie Poulain. Quer experienciar algo que - possivelmente, espero (eu acho) - jamais seria capaz de fazer na vida real? Trainspotting.

Tem remédio pra tudo. E pra pinto pequeno também.


Iron Man tem tudo aquilo que a gente - supostamente - ama: carrões tunados, poderio (bélico) absurdo e muuuuito dinheiro no bolso. É o que t-o-d-o-m-u-n-d-o quer. Eles, pra conseguir mulher. Elas... Bem, porque são elas. As puuutas! Não é à toa que o protagonista sempre se dá bem com a mulherada. E convenhamos... é um trintinha bem meia-boca! Pelo menos para os meus padrões. [É que padrão Mike Patton requer realmente um nível absurdamente elevado. *caham*]

A cada explosão, a cada um dos (doze?) modelos fodônicos de carro, a cada uma das (trinta?) mulheres boazudas e gostosonas comidas, a cada pedaço de metal indestrutível forjado, ou a cada novo item de tecnologia de próxima geração, uma reafirmação da (uh!) masculinidade que todos os homens da sala de cinema gostariam de ter - e, porra, vamos combinar, a não ser que sejam herdeiros de bilionários, ou músicos famosos, ou chefões do tráfico, ou um atleta fenômeno ou um rapper americano, jamais terão! E ainda assim, duvido que consigam a metade! É tanta, mas tanta ostentação de poder e machismo que eu quase saí do cinema convencida de que eu tinha um pau. E minúsculo!

Não vou jogar toda a culpa neste filme solamente. É um plot copiado, uma fórmula que, sim, dá certo! James Bond deve ser o precursor - não sei se há qualquer parcela de veracidade nessa informação, sintam-se à vontade para me corrigir e disseminar vossa sabedoria particular. Ele simplesmente veio a calhar, num dia em que eu estava especialmente com meu sensor de canalhice ligado e com um filme que mostrou isso tudo de maneira tão gritante.

Aplausos para o homem que tem tudo o que quer. Ovações para o homem que tem um pau enorme. Felicidade em encontrar mais uma projeção perfeita de tudo aquilo que a gente sonha ter um dia. Um filme para quem tem pinto pequeno se deliciar e acreditar que, mesmo sem um órgão na medida certa, ainda existem carros, dinheiro e poder para a mulherada cair em cima.

Até porque quem tem pau grande não assiste a filmes.
Ele ESTÁ nos filmes.
Pornôs, é claro.





***



Enfim, meme filme, Nana. Tô liberada agora? ^___^

8 comentários:

Luci Cobalchini disse...

e eu não consegui ler isso sem parar de pensar no Brad Pitt em Tróia...

mando-te amanhã a porra da imagem de merda que ficou pequena lá no meu blog.

Nana disse...

haha. tá liberada. amei o texto, valeu esperar xD

bom, eu espero estar livre sábado a noite. na verdade, minha vó se opera sexta... mas se tudo der certo - e dará - tô livre.

mas ... qual é o convite?

Nana disse...

ah sim... e depende do convite, né?
=P

Anônimo disse...

Ah, o Homem de Ferro nem é dos mais fodões, na moral... O Tony Stark até deve ter pau pequeno. O negócio é que ele é RICO PACARAIO, daí pode aproveitar os intervalos entre uma e outra foda espetacular para construir uma armadura super-poderosa que custa milhões e milhões de dólares =P

Aliás, detalhe irrelevante: a única fase da revista do Homem de Ferro que eu realmente me prestei a ler foi a que ele virou um tremendo alcóolatra, ficava jogado nos botecos fedidos enchendo a cara enquanto um picareta roubava a fortuna dele. De certo modo era legal ver o cara se fodendo, hehehe...

(E sim, fui eu quem cometi o poeminha lá. Desculpe, não faço mais) =P

Anônimo disse...

Desconfio sempre de homens com carrão, hehe.

Quer filmes que explorem emoções sutis de maneira sensível e tocante?Cinema argentino, virei fã.

Ogroazul disse...

eu não me senti de pau pequeno nesse filme, me senti no transformers siushahsaiuashiuashiashhsa




eu nem quero uma armadura fudida e um monte de mulher, pra que eu ia quere isso quando se tem 10 robos gigantes que viram qq carro? SAHAIUHSAHIUHSAIASHUASHIU
waaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa

????? disse...

Ah sim, e quanto a uma grife de calças especiais para bundudas, é um dos meus projetos empresariais. Aceito sócias.

Frau Bersch disse...

nada! teu pau é enorme!