sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Derrama meu líquido...

Enganaram-me. Enganaram-me não.

Sempre tive o amor como um sentimento transcendental.
Não por experiência própria, claro. Mas por narrativa alheia. E acreditei.

O amor cega, ensurdece, emudece, dá calafrios.
Revira teus olhos, embrulha teu estômago e te balança as pernas.
Te faz uma pessoa diferente, que sente diferente, que olha diferente, porque o mundo ao redor mudou.
O coração pára, e quando funciona é um estrondo.
A noção de tempo se transforma. Tudo gira em câmera lenta. De repente tudo é ar.
O que é voluntário no corpo, vê-se involuntário. Tudo é impulso, tudo é certo, tudo é água.
É como fazer suspensão. Ou navegar no infinito do eterno, do universo, do céu.
Tudo que brilha emana alegria. Tudo que chora é bonito. Tudo é poesia.
Tudo é extremo.
A gente é ansiedade, é incerteza, é desespero. Desespero. Desespero.
E a gente chora. Mas ama.

Mas é tudo mentira.
O amor cega, ensurdece, emudece e dá calafrios.
E quando a gente menos percebe, se jogou num precipício sem volta.
O coração não pára. Ele congela.
A noção de tempo se transforma. Porque nada chega, nada chega. De repente tudo é terra.
O que é voluntário no corpo, vê-se involuntário. Tudo é descontrole, tudo é podre.
É como fazer suspensão. E só sentir dor. Dor. Dor.
Tudo que brilha emana alegria. E debocha do meu choro. Tudo é fantasia, ilusão.
Tudo é extremo.
A gente é ansiedade, é incerteza, é desespero. Desespero. Desespero.
E a gente chora. E não quer mais amar.

8 comentários:

Frau Bersch disse...

acho que isso é paixão, não amor.
e paixão acaba. inevitavelmente.

Frau Bersch disse...

o.Õ
que medo dessa mulher!

Nana disse...

Puca, eu não te conheço!

Nana disse...

esquece o puca.

Frederick Martins disse...

Chorei.

T disse...

Muito bem colocada essa tua versão da coisa toda.

Anônimo disse...

Eu acho maravilhoso apesar de tudo. A dor é tão transcendental quanto o riso, o sexo e tudo mais.

Amar faz a gente sofrer, mas não amar torna a nossa vida tediosa, sem graça e sem intensidade alguma. A maioria das coisas que valem realmente a pena são feitas por ou com amor.

Anônimo disse...

E quem quer um amor perfeito?
Quem em sã consciência acredita que existirá perfeição, como num conto de fadas, quando na verdade ela não existe sequer em nós mesmos?

E dor, é inevitável... um dia alguém te magoa, e trata como papel-higiênico, te ignora e ignora teus sentimentos. Todo mundo já passou ou vai passar por isso.

Mas vejo tudo como um aprendizado. O que importa não é a dor em si, mas a maneira com que você lida com ele.

E concordo que muitas vezes confundimos amor e paixão, por não termos experimentado o amor em si ainda.

Gostei do seu blog, parabéns!