domingo, 6 de abril de 2008

Trepando em pau-de-sebo...

Sabem pau-de-sebo, de festa junina?

É um pau enorme, liso, fincado no chão, todo besuntado e com um prêmio na ponta, em que as pessoas têm que trepar pra alcançar o topo. Você sobe, sobe, sobe e desce, desce, desce. Parece até que desce mais que sobe, mas isso é impossível. O chão é o limite. Então você só desce aquilo que subiu. Mas a verdade é que no fim das contas parece que a gente caiu sem parar.


***


Eu não sei onde foi que eu me perdi ou me deixei levar, mas faz um bom tempo que eu não sou a mesma. Mas e quem é permanentemente sempre o mesmo?

Há anos atrás eu acompanhava os noticiários na TV, lia revistas aos finais de semana e lia 13 livros na escola quando a professora pedia um relatório bimestral de apenas 3 livros. Eu também - acreditava que - era informada sobre tudo um pouco, meus colegas de aula tinham um conhecimento que a mim parecia vasto - ainda imaturo, mas sabiam de muitas coisas, e coisas diversas. O meu mundo, para além das matérias às quais mais me afeiçoava, era também matemática-física-química, não só aulas de redação, editoração ou vídeo. Meu mundo tinha mais cores, tinha mais salas, mais gente diferente - não era rodeada de nerds-geeks-indies ou gente-alternativa-padrão. Eu vivia rodeada inclusive de bitolados e de patricinhas e, por mais que amasse falar mal de todos, eles me ajudaram a construir por antagonismo e oposição aquilo que eu sou.

Hoje eu como, durmo, acordo e saio de casa no automático porque é só mais um dia. Eu vejo na TV paga aquilo que me diverte; pouco que me ensine. Não estudo, mal eu leio - coleciono livros, mas poucos eu consigo ler até o final. Vivo enfastigada - de não fazer nada. De pensar que estou no lugar errado - mesmo que rodeada de gente igual ou bem parecida a mim. Eu não me vejo num futuro próximo. E quando eu tento, nada é similar aos meus sonhos pueris. Estou no fim de uma estrada que não dá em lugar algum - ou em qualquer lugar que não é pra mim. Tenho tudo tão perto, mas tudo o que quero está longe. Bem longe. Eu não sei direito onde me perdi, onde errei ou onde me deixei levar. Mas parece que quanto mais eu subo, mais eu desço. E às vezes parece que eu só desço, sem ter pra onde ir.

Acho que tô num pau-de-sebo. E o prêmio tá distante. E o chão já ficou pra cima. Faz tempo.

5 comentários:

????? disse...

Môr,

Olha só, eu tou na MEEEEESMA SITUAÇÃO! Incrível como descreveste bem.

Que tal desembestar pra zoropa comigo anuquivem?

Frau Bersch disse...

foi por isso, exatamente por isso, que eu fugi.
pra acabar descobrindo que não é o lugar novo que vai me trazer de volta pra mim, mas sim o que eu faço no lugar onde eu tou - seja ele qual for.

lambida pra ti =)

Anônimo disse...

Ju acabou de cometer um comentário muito, muito sábio. Não resta muito o que acrescentar depois disso.

Luci Cobalchini disse...

tinha pensado em fazer nessa semana um post sobre o meu futuro promissor perdido em alguma curva do caminho, mas acho que tu já disse tudo.
somos uns fudidos.
e a ju está completamente correta.
mas daí a achar um jeito de voltar a ter prazer com as coisas já é outra história.
sigo procurando.

Anônimo disse...

Tá precisando arrumar um homem...